Um senhor olha diretamente para você. Ele é um pouco grisalho, tem algumas rugas, bigode, cavanhaque, e um semblante sério, mas simpático; um tanto melancólico, talvez. Usa uma simples camiseta e não demonstra qualquer soberba – assim se mostra Clapton na capa de sua autobiografia, lançada em 2007 pela Editora Planeta. Embora não se julgue livro pela capa, a leitura é boa, sim, até para quem não é fã do músico. Isso porque foge dos clichês das biografias de celebridades, que ora procuram explicar o mito pela realidade e reunir evidências na vida de determinada pessoa que indicariam seu eventual sucesso ou decadência, ora investem no sensacionalismo proporcionado por vidas regadas a sexo, drogas e rock and roll.

Os méritos de “Eric Clapton – a Autobiografia” começam pelo fato de o livro ter sido realmente escrito por ele. A princípio, Clapton pensou em tomar o caminho comum; concedeu entrevistas sobre sua vida a um escritor, encarregado de organizar o relato. Mas depois quis alterar tanto o texto do coitado que decidiu recomeçar, sozinho, a escrevê-lo.

02 de fevereiro de 1997 é uma data triste para a música brasileira. Foi o dia em que morreu Chico Science, aos 30 anos, vítima de um acidente de carro na rodovia entre Olinda e Recife. Francisco de Assis França cresceu na periferia de Olinda ouvindo black music e fez parte da Legião Hip Hop, grupo de dança de rua do Recife. Suas primeiras bandas foram Orla Orbe e Loustal, cujo som tinha influências de hip hop, funk e soul. Em 1991, conheceu os percussionistas do bloco afro Lamento Negro. O bloco desenvolvia trabalhos educacionais numa comunidade carente de Olinda. Junto aos companheiros do Loustal, formou o grupo Chico Science e Lamento Negro – depois Nação Zumbi – que misturava à bagagem de black music o rock e os ritmos regionais como maracatu, coco e embolada. Nascia o manguebeat, movimento expresso no manifesto Caranguejos com Cérebro, assinado por Chico e Fred 04, do Mundo Livre S/A, entre outros.

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